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domingo, 26 de abril de 2015

MINHAS MEMÓRIAS

                                                             Minhas Memórias
        Recordo que o magistério sempre foi a minha paixão! Mas por uma dessas contingências da vida, resolvi casar e abandonei o curso Normal aos 18 anos pouco antes de concluir o último ano...o casamento durou 11 anos e eu retornei ao curso, agora com duas filhas para criar. Tempos difíceis...mas, enfim, no ano de 1999, finalzinho do ano, já formada no Curso Magistério realizei concurso para a rede estadual e fui aprovada em 9º lugar. foi uma alegria imensa e como já atuava como professora desde a época do estágio, contratada por uma rede particular de ensino, sentí- me totalmente preparada para assumir meu cargo, agora como docente em escola pública. Iniciei minha trajetória de forma amena e agradável, pois atuava em uma escola do bairro Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo  Esse bairro era composto por famílias de classe média e classe média alta, muitos descendentes de alemães que cultivavam suas raízes nascidas na colônia e dotadas da força de um povo culto e trabalhador. Nossos alunos não eram oriundos da periferia, mas sim de um bairro central, urbanizado e com acesso a muita cultura...não eram crianças afetadas pela desestrutura familiar, mas pelo contrário, descendiam de famílias tradicionais dos núcleos e colônias da imiigração alemã e nesse contexto o currículo e todas as situações de ensino passavam por uma metodologia tradicional, engessada...a avaliação não podia escapar da meritocracia e buscas por melhores notas...assim era cobrado desde o seio familiar até a sala de aula. Sentía- me confortável nesse processo pois era uma cópia de minhas experiências como aluna em escolas tradicionais dos anos 70. Após um período de 5 anos mudei- me para Canoas, no bairro Niterói e comecei a lecionar na escola onde  estou até hoje. Minha realidade mudou drasticamente e não só pela escola onde comecei a trabalhar mas porque movida pela necessidade de dobrar a carga horária aceitei assumir em regime de 20 horas semanais, a docência de uma classe de alfabetização, em uma escola em Esteio (cidade vizinha), que pertencia a uma vila muito pobre de periferia e carente de tudo. Mas foi nesse cenário que encontrei minha verdadeira vocação. Ao sair de minha zona de conforto encontrei minha identidade...
      Atuar na escola pública pode variar muito de contexto, dependendo da localização da comunidade escolar e da clientela inserida nessa comunidade vamos nos deparar com forças que dialogam e interferem muito no processo  de ensino e aprendizagem dos alunos a elas pertencentes e de seus docentes. Esse espaço traz a tona as mazelas sociais e as bagagens culturais...a desestruturação familiar...a drogadição...o desemprego e a violência e tantas outras situações dolorosas que acabamos enfrentando junto com nossos alunos e isso acaba nos forjando como educadores. Acabamos percebendo que criar nosso caminho em meio a esse caminhos já construídos é essencial para nossa prática. E eu criei meus caminhos, abri minhas estradas...e nunca mais pensei que ensinar pode ser medido, mas sim a busca por uma valorização da construção diária e constante de seus membros.

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