TEMA: Mal estar docente
Os
professores passam, na atualidade, por muitas dificuldades no exercício
docente. Não podemos considerar somente a grave questão salarial, que o coloca
muitas vezes numa situação difícil economicamente falando, mas principalmente
pela falta de recursos materiais e de pessoal nas escolas. Hoje, apesar de
tantos profissionais que se colocam a disposição para sanar dificuldades com os
alunos, nas escolas públicas não se pode contar com a ajuda especializada e
técnica que muitas situações vivenciadas pelos professores exigiriam. Por
exemplo, tem- se, atualmente, a questão da inclusão, onde se coloca nas escolas
de ensino regular, crianças com necessidades especiais e que nenhum professor
de séries iniciais, que na maioria das vezes possui um curso magistério ou quando
muito uma graduação pode dar conta, sem o auxílio de um profissional
especializado. Essas e outras situações estressantes, como a falta de material
pedagógico nas escolas, o descaso das famílias, as salas de aula lotadas e a
violência com que muitas vezes se deparam nas relações com os alunos está se
refletindo na saúde do professor. Esse adoecimento em serviço traz como
conseqüência um descaso pelo desempenho profissional. Nesse sentido, Murta
(2002 s/p) esclarece:
É minha hipótese que o sofrimento dos
professores, as suas queixas frequentes quanto ao insuportável trabalho docente
e, no limite, o seu adoecimento expressam, sintomaticamente, a situação de
abandono em que se encontra a escola; sugerem uma certa desistência da educação
enquanto projeto de preparação de crianças e jovens para que encontrem o seu
lugar no mundo adulto. Desistindo da realização do projeto educativo, os
professores, na verdade, estariam se demitindo de sua posição de educador e, em
decorrência, renunciando ao ato educativo.
Na hipótese formulada pela autora,
percebe-se que ela coloca o descaso com a escola,enquanto instituição como um
dos pilares causadores do adoecimento de seus profissionais e que o fazem
desistir do ofício pelo qual se prepararam. Colocando assim como um sintoma as
queixas que formulam sobre sua rotina.
REFERÊNCIAS:
MURTA,
Cláudia. Magistério e Sofrimento Psíquico: contribuição para uma leitura
psicanalítica da escola. Anais do 3° Colóquio do LEPSI/FE-USP, São Paulo, 2002.
s/p.
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