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quarta-feira, 27 de julho de 2016

PROJETOS DE ENSINO OU PROJETOS DE APRENDIZAGEM?

Nós educadores fomos treinados a elaborar Projetos de Ensino e não  Projetos de Aprendizagem. Confesso que tive ímpetos de colocar no lixo todos os lindos projetos que já trabalhei ao longo da minha carreira como docente, porque em nenhum momento esses projetos, apesar de bonitos, bem elaborados e aceitos pela turma, foram de encontro a real curiosidade dos alunos. Eles não nasceram das dúvidas. Nasceram das minhas certezas. Em nenhum momento foi ouvido o aluno, o que ele gostaria de aprender, Meus Projetos eram elaborados a partir das necessidades do Currículo, dos Temas Transversais e das exigências da comunidade escolar, conforme explica:
Destas discussões, emergiram algumas certezas atuais. Uma delas é a de que a metodologia que nós professores adotamos com nossos alunos revela a forma como compreendemos consciente ou inconscientemente o processo de aprendizagem. (MAGDALENA e COSTA, 2003).
Segundo as referidas autoras, devemos refletir sempre sobre os nossos papéis enquanto educadores inseridos num contexto atual de tempo e espaço específicos. Ao estudar sobre os Projetos de Aprendizagem pude perceber a diferença e o quanto erramos, nós educadores, por desconhecimento pedagógico. Esse talvez seja meu maior aprendizado nesse semestre ou pelo menos o que mais me impactou como professora. Será que ouvi as dúvidas dos meus alunos? Suas vontades de aprender? O que eles realmente querem aprender? Quais as suas curiosidades? Hoje vejo que um projeto deve partir das perguntas, dos porquês que muitas vezes os alunos têm vergonha de verbalizar. Assim aprendi que o professor deve ter uma escuta delicada, deve ler nas entrelinhas do que seus alunos escrevem a fim de identificar suas necessidades de aprendizagem.

domingo, 17 de julho de 2016

"VOCÊ NÃO ACHA QUE..."




A ATIVIDADE CONSTRUTIVA DE ELABORAR E DESENVOLVER PROJETOS PODE SE TORNAR UMA METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM?



    Percebo que sim, se nós professores repensarmos nossa prática. Em nossa formação, durante o Curso Normal nos é colocado que é importante que o professor desenvolva projetos com os alunos e muitas vezes a própria escola em que trabalhamos nos coloca alguns projetos para serem trabalhados ao longo do ano letivo, com temas relevantes tais como: violência, reciclagem, meio-ambiente, etc. Porém esses temas são escolhidos pela supervisão ou pelos próprios professores, em reuniões no início do ano letivo. Nunca pelos alunos. Os projetos de Ensino não levam em consideração as dúvidas dos alunos, mas sim o conteúdo que precisa ser ensinado e que está previsto no PPP da Escola, contemplando os PCNs. Nesse sentido os projetos de aprendizagem que desenvolvi até então contemplaram esses temas, mas não foi perguntado aos alunos se eram esses os conteúdos que gostariam de aprender, embora sejam relevantes para sua aprendizagem e socialização.E pensando sobre isso concluo que apesar da importância de trabalharmos com centros de interesse e temas geradores, esses não partem do desejo do estudante mas sim da necessidade de se cumprir os Parâmetros Curriculares Nacionais.






      

PROJETOS DE APRENDIZAGEM


                                             

Na idade dos porquês
                                                      Alice Gomes (1946)

Professor diz-me porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?

Professor diz-me porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda  gira rodopia
e cai morto no chão...

Tenho nove anos professor
e há tanto  mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!

Tu falas falas  professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.

É a luta professor
a luta em vez de amor.

Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.

Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes    professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.

Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!...

E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições...
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições...
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.




Alice Pereira Gomes, escritora portuguesa, nascida em 1910, em Granjinha (Tabuaço), fez os seus estudos secundários e universitários no Porto, onde também foi professora do Instituto Normal Primário. Pedagoga, estreou-se nas letras pelo final dos anos vinte, tendo organizado, em 1955, a antologia Poesia para a Infância. Traduziu o Principezinho de Saint-Exupery e dedicou-se, depois de 1967, exclusivamente à literatura infantil. Fundadora e dinamizadora da Associação Portuguesa para a Educação pela Arte, desenvolveu, através dessa Associação, diversos projetos pedagógicos justamente considerados pioneiros. Faleceu em 1983.



http://www.celsovasconcellos.com.br/index_arquivos/Page13252.htm (Acessado em 17/07/2016)



    Escolhi essa poesia para ilustrar o que compreendi das aulas sobre Projetos de Aprendizagem. Nós professores nos esquecemos , muitas vezes de levar em consideração o desejo de aprendizagem dos alunos. Um projeto deve nascer da curiosidade de aprender.Um projeto nasce das perguntas dos alunos, das curiosidades que demonstram frente aos segredos da vida. Um projeto não nasce do desejo do professor de ensinar um conteúdo, ele nasce do desejo do aluno de aprender sobre determinado assunto. Nasce das respostas que não estão prontas, das dúvidas e de algumas certezas que os alunos possam ter. 

SOBRE OS CONTOS DE FADAS


                                   SOBRE OS CONTOS DE FADAS
Qual a relação que se pode estabelecer entre autoria individual e os Contos de Fadas?
Esses contos não possuem uma autoria individual, pois fluem do coletivo. Surgiram graças a necessidade do povo de elaborar suas angústias ou sobreviver as agruras da vida. Foram contados e recontados através do tempo e em épocas onde a única distração nas longas noites era contar histórias para entretenimento e essas histórias traziam elementos próprios da cultura de cada povo.

2   De acordo com a autora, por que as pessoas contam histórias? Segundo a autora, para muitos estudiosos, histórias contadas estão associadas a cultura dos povos, aos ritos de passagem nas fases de desenvolvimento do ser humano de variadas culturas e como maneiras de afirmação individual no mundo adulto, expressando assim os costumes, as angústias e as superações dos povos ao longo da história da humanidade. Traz a tona os mitos, heróis, donzelas e da defesa do fraco contra o forte, do bem contra o mal e para se firmarem no ético.

3   Qual a posição da autora em relação às adaptações dos Contos de Fadas? A autora coloca que não devemos ceder a certos equívocos em que se pautam algumas pessoas que defendem adaptações mais modernas nos contos clássicos, pois estes tiveram uma razão de ser ao longo da história da humanidade e pertencem ao coletivo com finalidades bem definidas na história dos povos. Os cuidados com as novas versões devem observar os aspectos em que as narrativas foram criadas e elaboradas. Com uma importante linguagem simbólica que tem a ver com os medos e os anseios do ser humano, independente da época em que vive.

4   Aponte como você tem trabalhado com os Contos de Fadas na sala de aula ou poderia trabalhar? Gosto muito de trabalhar os Contos de fadas com os alunos do primeiro ano. Principalmente na construção de valores éticos e morais e vejo como uma forma de trazer a tona alguns aspectos da vida familiar da criança. Procuro dialogar sobre o final da história, perguntando o que gostariam que acontecesse com o indivíduo mau ( o lobo, a Bruxa, etc.) e muitos respondem que ele deveria ser preso pela polícia, evidenciando talvez um desejo relacionado a alguém que esteja lhe fazendo mal ou que o esteja machucando, pois nossas crianças tem muitos problemas familiares. Nós também fazemos a “reescrita” através de desenhos, modificando personagens de acordo com a preferência de cada um e nesses momentos trabalho questões étnicas, sociais, bullying, etc.

PROJETO DE LITERATURA



       PROJETO CHAPEUZINHO VERMELHO
LITERATURA DE CORDEL
POEMA
JUSTIFICATIVA:
O trabalho com Contos Clássicos torna a aula mais dinâmica e mais atrativa para o universo infantil. Valoriza a língua como veículo de comunicação e expressão das pessoas e dos povos, abrangendo o desenvolvimento da linguagem oral, da leitura e da esrita. E o poema de cordel trazendo um clássico da Literatura Infantil torna ainda mais atraente, visto que a beleza e a musicalidade das rimas além de proporcionar uma forma de brincar com as palavras e desenvolver a consciência fonológica, nos ajuda a conhecer um gênero textual muito rico em nosso País: o Cordel.
OBJETIVOS:
- Recuperar as histórias da infância;
- Conhecer um gênero de literatura muito rico em algumas regiões do Brasil;
- Proporcionar Ludicidade através da leitura com rima;
- desenvolver a consciência fonológica, a oralidade e a expressão individual, através do desenho, da dobradura e da auto- expressão;
- Trabalhar com a narração, com o corpo, a gesticulação e a entonação, ampliando os vários sentidos da narrativa;
-refletir sobre os princípios éticos, morais e culturais, bem como o auto- cuidado, interligando- os com a realidade atual;
- Explorar a linguagem oral, as habilidades de dobradura e desenho.



 CORDEL DA CHAPEUZINHO VERMELHO


Bem vindos, ó minha gente
Uma história eu vou contar
Da Chapeuzinho Vermelho
Que os doces foi levar
Preste muita atenção
Para não se assustar.

Uns docinhos bem gostosos
A mamãe lhe preparou
Colocando na cestinha
A mamãe lhe avisou
Mas não vá pela floresta
Mas ela não escutou.

Pela floresta ela foi
E encontrou o lobo então
E o lobo disfarçou
Que era um anjo guardião
Atrasando a menina
Se mostrou espertalhão.

A menina atrasada
Na casa da vó chegou
Na porta ela bateu
Mas ninguém de lá falou
Chapeuzinho preocupada
Na casa então entrou.

Quando a vó ela viu
Foi difícil de entender
Nossa vó que olhos grandes
É para melhor te ver
E essa boca enorme
É a que vai te comer

E o lobo a boca abriu
Para menina engolir
E um salto ele deu
Para ela não fugir
Foi quando o lobo disse
Não adianta você ir.

Para sorte da menina
Aparece um caçador
Corajoso ele disse
Vou acabar sua dor
Chapeuzinho alegremente
Sorriu como uma flor.

O valente caçador
Com a faca empunhada
Abriu a barriga dele
Tirou a vovó amada
Que saiu de lá sorrindo
E todinha amassada.

E assim aqui termina
Um conto com alegria
Do lobo que se deu mal
Com tanta estripulia
Um abraço pra vocês
Adeus até outro dia.

Autoras:
Regina Nardi
Maria Angélica Zanata
Angela Nascimento
Cássia Tedde
Cláudia Galvão
Lu Mani 

FONTE: 
http://www.teatrodecordel.com.br/
                                                                          

                            ATIVIDADE PARA EXPRESSÃO ATRAVÉS DE DESENHOS E APÓS ORALMENTE, AO EXPLICAR SEU DESENHO PARA OS AMIGOS.



      Vocês ouviram uma historinha já conhecida
Vamos refletir sobre ela.
Chapeuzinho Vermelho era uma menininha de mais ou menos sua idade. Ela foi fazer um favor a sua mãe, mas não deu muita importância as suas palavras e a desobedeceu, encontrando com um lobo mau no caminho que devorou sua avó e queria devorá-la também, porém um caçador chegou na hora H e salvou Chapeuzinho e sua vovozinha.Em nossa vida, nossos pais nos dão muitos conselhos que às vezes não ouvimos, desobedecemos, passando por maus momentos. Conte uma história de uma criança que desobedeceu seus pais e passou por uma situação bem difícil, você conhece?
      Socializar com os alunos a respeito do poema lido pela professora. Pedir a cada aluno que exponha sua opinião sobre a desobediência às advertências maternas e paternas, sobre o falar com estranhos ao ser abordado nas ruas e o cuidado com a internet.
      Após cada um expor sua opinião e seus desenhos aos colega propor as dobraduras da casinha da vovó e da Chapeuzinho Vermelho.
      Cantar a música acompanhada de gestos.



                                                                          MUSICA
PELA ESTRADA AFORA
EU VOU BEM SOZINHA
LEVAR ESSES DOCES
PARA A VOVÓZINHA

ELA MORA LONGE
O CAMINHO É DESERTO
E O LOBO MAU
PASSEIA AQUI POR PERTO

MAIS A TARDINHA
AO SOL POENTE
JUNTO A MAMÃEZINHA
DORMIREI CONTENTE



"SACADAS IMPORTANTES"

                                                              REFLEXÕES
    Acho importante registrar aqui um pouco das minhas dificuldades e também de algumas "sacadas" importantes. Uma delas diz respeito a uma educação castradora em que fomos submetidos na infância e que hoje nos causam algumas limitações de expressão. Temos dificuldade em nos expressar, Temos vergonha de nos expressar em gestos, em mímicas, em danças, em cirandas, etc. Percebi que tenho timidez e por isso dificuldade para reproduzir os gestos, a configuração de mãos dos sinais, as expressões corporais, etc.
    Não sei se todos encontram essas mesmas dificuldades, mas eu percebo que até mesmo nas aulas de música temos dificuldade em nos expressar e isto talvez se reflita nas nossas práticas como professoras, onde muitas vezes optamos por um modelo tradicional pedagógico, por nos sentirmos mais confortáveis nesse modelo. Não precisamos sair da zona de conforto. Padronizamos nossa prática, com alunos enfileirados em classe, sem grandes movimentos em sala, com cópias de conteúdos e exercícios tradicionais.


 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

SOU OUVINTE! QUANTAS DIFICULDADES...

                                     
                                          SOU OUVINTE!! QUANTAS DIFICULDADES...
    Assisto os vídeos com uma sensação de encantamento! Como gostaria de ter toda aquela destreza com as mãos! Estou falando das minhas aulas de LIBRAS...Adoro!! Mas como encontro barreiras! Não sei o que fazer com essas mãos que me atrapalham ao invés de me ajudar! gostaria de ter aprendido a LIBRAS junto com o desenvolvimento da Linguagem. Acho que não teria nenhuma dificuldade pois a criança se insere naturalmente em tudo e não tem medo do erro, do desconhecido. As crianças se compreendem e naturalmente vão encontrando caminhos onde os adultos só vêem os obstàculos. Hoje me sinto excluída quando não consigo acertar os sinais e percebo o quanto é importante sentir- se incluída. Assistido aos vídeos e as palestras durante o curso nos damos conta que o importante não é perceber as diferenças e tentar á força integrá- las no mundo que consideramos como "normal", as diferenças na verdade são particularidades de cada ser humano que habita esse planeta. Cada um de nós traz suas peculiaridades, suas singularidades e a capacidade de ensinar ao outro o quanto podemos aprender uns com os outros!Não somos somente diferentes, somos também iguais na capacidade de aprender, desde que nos permitam ensinar como queremos aprender, de que forma queremos aprender! Porque não existe um molde, uma forma. Existem trocas e nas trocas aprendemos uns com os outros da melhor maneira que pudermos! E para aprender cada tem os seus instrumentos. Cada um de nós precisa ser respeitado e incentivado a construir a sua história,  sem rótulos, sem receitas prontas e sabendo das riquezas que cada história possui. Que ninguém queira mandar no aprendizado do outro! Que todos queiram aprender com o outro!E que as Leis criadas sejam cumpridas!

"E O BRINCAR? COMO É QUE FICA?

                                     

                                                  " E O BRINCAR? COMO É QUE FICA?"
    Quando foi feita a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos, as crianças de 6 anos deixaram de pertencer às classes de Educação Infantil e precisaram ser inseridas em classes de Séries Iniciais. Para isso, os professores precisaram se organizar de maneira a preencher todas as necessidades pedagógicas desses alunos, adaptando currículos, pensando em conteúdos e habilidades que se pudesse esperar para essa demanda. Foi um processo que trouxe mudanças significativas no modo de olhar a alfabetização. O brincar faz parte da natureza da criança pequena e a Escola ao planejar deve levar em conta as especificidades dessa etapa proporcionando aos pequenos oportunidades de amplo desenvolvimento físico, psíquico, cognitivo e social, impactando toda uma visão dos profissionais da Educação e sua prática. Seja na sala de aula ou em outros espaços da Escola, o lúdico deve sempre estar presente.

domingo, 10 de julho de 2016

O BRINCAR

                                                                   

                                                                        O BRINCAR












    Através do lúdico, das brincadeiras, as crianças entenderão o mundo ao seu redor, testarão suas habilidades, aprenderão a conviver com regras, com os resultados positivos ou negativos da sua atuação nos jogos, o que lhe proporcionará lidar com a frustração e através dos jogos de imitação poderá exercitar funções sociais. Cada criança ao brincar de professora, de médico, de fazer comidinha, está testando para o futuro e para as funções que terá que desempenhar como adulto, além de desenvolver sua linguagem e sua motricidade., desenvolve também valores essenciais para a vida em sociedade, tais como:colaboração, divisão, cooperação, participação, competição e obediência às regras.
    Portanto a criança que vivenciou o lúdico e as brincadeiras na infância e no contexto escolar, que foi estimulada, estará mais preparada emocionalmente para a vida adulta, sendo um adulto criativo, controlando suas emoções e atitudes na vida adulta, tendo com isso melhores resultados em suas relações sociais.
















segunda-feira, 4 de julho de 2016





BRINCAR É IMPORTANTE PORQUE...



BRINCAR É IMPORTANTE PORQUE...
   As nossas mais caras lembranças nos vem da infância. Os momentos de brincadeiras na infância são aqueles que marcarão para sempre nossa memória. Não há quem esqueça das brincadeiras em frente de casa, na rua com os amigos sob os olhares dos adultos que nos cuidavam enquanto conversavam ,em épocas distantes no tempo porém presentes em nossa memória como se fossem hoje.
    Segundo a autora Melinda Wenner, em seu livro Brincar é Coisa Séria (2011) a importância do brincar está ligada a um desenvolvimento saudável da infância e que “incorporar o lúdico ao cotidiano é fundamental para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo, tanto de crianças quanto de adultos; além de combater o estresse e contribuir para aumentar a criatividade, diversão faz bem para a saúde do corpo. “ Se é fundamental como podemos abrir mão desse recurso tão importante para a formação de indivíduos saudáveis? A autora refere-se a uma pesquisa desenvolvida por Stuart Brown, psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina de Baylor, em Houston, nos Estados Unidos, sobre o incidente com um estudante de Engenharia que fuzilou 46 pessoas no Campus da Universidade. Stuart Brown foi indicado para estudar o caso e concluiu, após entrevistar muitos criminosos, incluindo o estudante, que todos tinham em comum o fato de pertencerem a famílias  de alguma forma violentas e que eram crianças que não tiveram a oportunidade de brinca, em sua infância.
    Todos nós educadores sabemos da importância do brincar e do lúdico, na infância. Sabemos que para construir regras e combinados em equipe o jogo é um excelente recurso. Sabemos que através das brincadeiras livres as crianças constroem e elaboram conceitos essenciais as suas relações familiares e futuras, como adultos. Sabemos que as crianças, durante as brincadeiras, trabalham emoções conflitantes vivenciadas no ambiente familiar e que algumas vezes podem ser observadas pelo professor, fazendo com que este possa auxiliar a criança a passar por essas situações ou até mesmo tomar as providências legais cabíveis. Mas isso ainda não é o mais importante. A importância do brincar vai muito além de tudo isso. Ela pode auxiliar na catarse de emoções conflitantes, na passagem de fases importantes do desenvolvimento infantil e na construção de elementos importantes para auxiliar com o desenvolvimento da sexualidade e para ultrapassar fases egocêntricas, normais no desenvolvimento infantil. Através das brincadeiras livres as crianças têm a oportunidade de vivenciar situações importantes que as ajudarão a tomar decisões no futuro, a construir relacionamentos saudáveis, a lidar com as frustrações naturais da experiência humana.
     As brincadeiras infantis também podem ser aproveitadas para embasar conteúdos, desenvolver importantes áreas motoras do corpo da criança, cerebrais e construir regras sociais.
                                                               “ Certamente, jogos com normas são divertidos e garantem importantes experiências e aprendizados, promovendo, por exemplo, melhores habilidades sociais e coesão de grupos. Mas jogos têm uma regra primordial: organize e obedeça, enquanto brincadeiras livres não tem regras iniciais e, assim permitem mais respostas criativas, afirma o psicólogo educacional Anthony D. Pellegrini, professor e pesquisador da Universidade de Minesota nos Estados Unidos.” (Melinda Wenner- 2011)
    A autora ressalta que, nas brincadeiras livres, as crianças desafiam mais  estruturas cerebrais importantes no desenvolvimento infantil. Ao exercitar a imaginação a criança se torna capaz de desenvolver habilidades que possibilitarão as  tomadas de decisões, a capacidade de lidar com situações novas e desafiadoras, tão importantes na vida adulta em relações profissionais e sociais, até mesmo familiares, quando enfrentando situações estressantes. Proporcionando também uma forma de lidar com seus próprios sentimentos e quando uma criança se recusa a brincar ela pode estar sinalizando situações importantes pelas quais possa estar passando, e os professores que observem atentos as brincadeiras infantis podem ter informações sobre o que essas crianças passam em sua vida cotidiana e familiar.
    Além das brincadeiras livres também é importante trazermos para o cotidiano pedagógico, os jogos e as brincadeiras dirigidas. Temos material riquíssimo em nosso folclore, que pode proporcionar aos alunos momentos de ludicidade e aprendizado com temas importantes retirados da sabedoria popular. Os brinquedos fabricados pelos pais e avós em um tempo onde não existia a Indústria e os jogos eletrônicos podem auxiliar a criança a compreender o passado , integrando gerações. As brincadeiras folclóricas , principalmente as rodas cantadas proporcionam momentos mágicos às crianças e aproximam os filhos dos pais e dos avós, pois essas brincadeiras venceram o tempo e foram vivenciadas por muitas gerações de crianças. As crianças sentem prazer em cantar e vivenciar brincadeiras onde utilizam o corpo e dessa forma desenvolvem, brincando, importantes áreas de seu corpo, como a motricidade e a lateralidade, além de ao cantar as cantigas populares, com sua repetições fazem importantes exercícios que as auxiliarão na apropriação da leitura e da escrita , habilitando para a aquisição da consciência fonológica , tão importante na alfabetizção.
    Os jogos pedagógicos são importantes recursos para o professor pois auxiliam na fixação de conteúdos, na avaliação individual, no diagnóstico de problemas e na construção de combinados da turma. Através dos jogos pedagógicos, nós professores, conseguimos dar aulas de forma prazerosa, saindo da rotina e fixando conteúdos na memória, que de outra forma seriam mais difíceis.
    Para as crianças o brincar é uma forma de trabalhar situações, fixar conceitos, construir regras, superar limitações, exercitar posições e situações de relações futuras. Então a brincadeira, na verdade é um exercício de cidadania, é uma forma de vivenciar na imaginação para atuar na realidade. È através da brincadeira com os colegas que as crianças poderão aprender a ser pro-ativas e estabelecer relações que a ajudarão nas escolhas futuras, nas decisões profissionais, nos conflitos familiares, porque quem exercita a imaginação consegue ter decisões criativas e que abrirão caminhos onde parecia não haver saída.


Referência:
WENNER, Melinda. Brincar é coisa séria. Mente Cérebre. São Paulo: EDIOURO DUETO EDITORIAL Ltda. Ano XVIII, n° 216, jan/2011 (pp: 26-35)



APRENDER LIBRAS


Parece fácil. Mas não é. Na verdade esse aprendizado esbarra em muitas das nossas limitações.
Para mim, é na verdade muito difícil pois tenho uma grande dificuldade em coordenar os movimentos com as mãos. Tenho dificuldades motoras e de memorização dos movimentos. Em resumo, me atrapalho toda! E assim consigo compreender em parte, a angústia da pessoa que nasce surda em um mundo de ouvintes. Estar mergulhado em um mundo que lhe parece silencioso, mas que na verdade está imerso em sons que ele não compreende da mesma forma, apesar de ter uma enorme percepção de tudo que o cerca, mas não com o mesmo órgão. Para o surdo, os olhos e a pele são seus instrumentos de compreensão do mundo. O afago, o carinho, a visão do rosto de seus cuidadores são as linguagens que ele compreende muito bem. Mas as pessoas insistem em pensar que ele está isolado, que não compreende o que estão a lhe falar, mas não param para pensar que ele pode querer se expressar em uma linguagem própria, não aquela linguagem que querem que ele utilize porque foi convencionado como "normal". Seria tão diferente se o surdo fosse respeitado em sua linguagem.