A AVENTURA DE MARIANA NO MUNDO DOS LIVROS
Por Carla Freitas, Gislaine Cristina Ferreira De Jesus, Bárbara Cristina Farina, Josiane da Rosa Henrique e Débora Terezinha da Siva
Essa é a história de Mariana, uma menina de 7 anos, que mora com seus pais, em um bairro distante de sua escola e precisa percorrer um longo caminho até lá. Ela é curiosa como todas as crianças de sua idade e adora descobrir novos mundos através da leitura. Mas Mariana pouco sabe ler e seus pais não tem condições de comprar um livro, mas a noite, quando vai dormir, sua imaginação corre solta olhando as estrelas e imaginando um mundo encantado, onde tudo é perfeito e sem tristezas... Um dia sua professora lhe comprou um livro de histórias fantásticas, com muitas figuras e Mariana toda feliz foi correndo mostrar para os pais.
Os pais então disseram que iriam ter que vender o livro, para poder comprar comida. Mariana, muito triste, começou a chorar e falou que fugiria de casa. Os pais a colocaram então de castigo e na mesma noite Mariana fugiu com o livro debaixo do braço. Desnorteada e desolada com tudo, a menina resolveu se abrigar em um velho prédio, quando de repente sentiu um forte puxão pelo braço. Quando se virou, viu que um velho caquético estava tentando pegar seu livro mas a menina ágil, conseguiu se desvencilhar e saiu correndo.
Sem saber para onde ir, confusa e assustada, Mariana pensou: - onde o meu livro estará seguro? Sem pestanejar, Mariana respondeu em voz alta aos seus próprios pensamentos: NA BIBLIOTECA! A menina pouco havia frequentado bibliotecas até ali - na verdade, uma vez que outra havia visitado a pequena sala de livros de sua escola. Mas Mariana era esperta e sabia que havia uma biblioteca pública na esquina do prédio abandonado. Orgulhosa de sua grande ideia, Mariana chegou à frente de uma grande porta de madeira, onde pôde ler com muita dificuldade, sílaba por sílaba: BI-BLI-O-TE-CA PÚ-BLI-CA. Porém, logo abaixo encontrou uma folha escrita a mão, onde leu: FE-CHA-DA. Mariana logo entendeu o problema que enfrentaria, mas não se daria por vencida: iria conseguir proteger seu precioso livro naquela biblioteca!
Pensando assim, Mariana abraçou forte seu livro, fechou os olhos e pediu com todas as forças que seu desejo de protegê-lo se tornasse realidade. Lembrou que desde pequena seu avô sempre dizia que tudo o que quisesse ela deveria desejar com todas as suas forças que o pedido se realizaria. Neste momento uma forte luz saiu de dentro do livro e abraçou a menina, envolvendo-a e a arrastando-a para dentro do seu querido livro. Enquanto a mágica acontecia o livro se transportou por baixo da porta para dentro da biblioteca. Mal sabia Mariana que sua aventura estava apenas começando...
Ao atravessar pelo vão da porta, Mariana se viu dentro de um prédio antigo, mas muito claro, nem parecia o prédio feio que se via pelo lado de fora. Maravilhada, a menina começou a deslizar por todos aqueles corredores que escondiam tesouros riquíssimos, segredos incomparáveis, aventuras que ela só conseguia imaginar em seu sonhos mais mirabolantes. A menina estava tão encantada com tantos livros, que não percebeu que todo tempo era observada por dois olhinhos minúsculos, atentos a cada movimento seu.
A estranha figura que seguia os passos de Mariana, escondeu-se ligeira por entre fileiras de estantes, passando rapidamente por uma abertura secreta, no fundo do corredor de História da Arte. Precisava contar ao seu chefe que havia um perigoso intruso em suas dependências...um serzinho do gênero humano, que até parecia ser inofensivo. Porém, segundo seus ancestrais, nunca se poderia confiar em um humano...mesmo que fosse bonitinho.
E foi assim que, na sala do seu chefe, Gollom, o elfo doméstico encarregado de fazer a limpeza do lugar, falou sobre a menina. O chefe de Gollom, chamado Bolor Fétidus, então logo ordenou que os guardas a prendessem. Gollom guiou-os até o local onde a menina havia sido vista, mas ela havia desaparecido completamente.
O que Gollom e Bolor não sabiam era que, enquanto conversam, Mariana havia descoberto um espelho. Surpresa, observava a imagem refletida no grande espelho a sua frente. Em nada lembrava a menina pobre e mal vestida que era. Suas roupas, ou melhor as roupas que a menina do espelho estava usando pareciam pertencer a uma princesa dos contos de fadas. Mas a menina do espelho era ela. Tinha certeza disso. Era o mesmo rosto. O mesmo gesto que fazia com as mãos se repetia na imagem refletida no espelho. O que estaria acontecendo? Quando se examinava, via que vestia seu vestidinho comum, mas quando levantava os olhos para sua imagem, o vestido era belíssimo, parecendo o de uma princesa dos contos de fadas! Nem em seus sonhos mais fantásticos se viu tão bela! Era uma princesa! Mas logo a realidade lhe mostrava que continuava sendo a mesma Mariana de sempre.
Para sua surpresa a imagem refletida no espelho falou. E Mariana se viu conversando consigo mesma. Mesmo sem compreender o que estava acontecendo resolveu responder a saudação da menina do espelho:
--Olá...você sou eu? Ou eu sou você? Pode me explicar o que está acontecendo?
Mariana e a menina do espelho seguiram conversando, sem conseguir compreender o que estava acontecendo. Depois de muito conversarem - e a nenhuma conclusão chegarem - a Mariana do espelho convidou a menina Mariana para adentrar no seu mundo encantado. Tão encantada e abismada com tudo o que estava acontecendo, a menina Mariana resolveu aceitar o convite e adentrar no mundo do espelho. A Mariana do espelho puxa a sua sósia para dentro do seu mundo e é por essa razão que Gollom e os demais guardas não a encontram em sua busca! As Marianas veem toda a movimentação da busca, mas não são vistas e sentem-se aliviadas por estarem do lado mais seguro!
Mas será que realmente aquele era o lado mais seguro? Dentro do espelho em que a outra Mariana morava, estava escondido um velho sábio, detentor de muitas histórias fantásticas e maravilhosas, que só observava o movimento delas. Depois de algum tempo, ele resolveu falar com elas e contar a fantástica história da menina que queria viver num mundo de fantasia e não precisar sofrer por não ter uma vida melhor.
Mariana ouvia atenta a história contada pelo ancião. Cada vez mais se percebia como uma personagem da narrativa dele. Porém, pensava:
- Como esse simpático velhinho pode saber tanto sobre os meus pensamentos? Com certeza não é de mim que ele fala. Tantas meninas por aí existem como eu, pobres sonhadoras, e que desejariam tanto quanto eu penetrar em um mundo onde pudessem viver suas fantasias.
Mariana não acreditava, o ancião só poderia estar contando a história de uma outra menina. Não a dela! Mas o olhar da outra Mariana lhe dizia que aquela história era a sua própria. E então ela compreendeu. Agora sabia porque nunca havia aceitado se conformar com aquela realidade feia e triste em que vivia. Sabia que tinha algo estranho em sua vida, pois meninas não nascem para sofrer: nascem para sonhar! E então Mariana descobriu que aquele reino era seu lar verdadeiro. Descobriu que seu pai, um professor que adorava contar histórias para seus alunos, havia sido sequestrado por Bolor Fétidus, um fungo malvado que detestava os encantos da criatividade e queria a todo custo prender os educadores que ousassem despertá- la nas mentes infantis. Agora Mariana compreendia que seus pais corriam perigo e precisava voltar para salvá- los e conduzi- los de volta ao lar, o Reino da Esperança. Nisso ao olhar novamente a menina que estava a sua frente lentamente desaparecia. Assustada Mariana torna a ouvir o ancião:
- Menina, não perca tempo! Corra por aquela estrada! Vá! Lá encontrará uma pessoa que está a sua espera e irá lhe ajudar a capturar seus pais das garras de Bolor! Se não agir rápido ele irá matar em seus pais toda a alegria e otimismo de viver! Ele já está conseguindo! Não vê, como andam desesperançados? Só você poderá trazer- lhes de volta ao nosso Reino.
Mariana então correu, como nunca correra em sua vida. Precisava salvar seus queridos pais. A estrada era longa e a menina tropeçava constantemente nas pedras pontiagudas que haviam no caminho. Caminhou por horas a fio até que avistou no final da estrada uma árvore imensa, com grandes galhos e uma grande abertura no tronco. Sentiu vontade de entrar naquela árvore, mas teve medo. O quê fazer? A estrada havia terminado. Lembrou-se de seus pais e do perigo que corriam e decidiu entrar... À medida que entrava, percebeu que a árvore era ainda maior do que havia imaginado, seguiu por um grande corredor em forma de caracol, que a levou à uma sala imensa, onde havia uma grande cadeira feita de ossos que estava no centro e de frente para um grande portal envolto por nuvens misteriosas. Nesse instante, a cadeira virou-se para seu lado e um mago vestindo uma túnica azul royal disse-lhe: - Ainda bem que você chegou Mariana. Precisamos nos apressar para trazer logo seus pais em segurança! Vamos menina! Siga-me!
Mariana seguiu o mago por um labirinto, onde havia muitas fadas, duendes e seres mágicos diferentes, mas o mago avisou-a que não se distraísse com a magia do lugar, pois seus pais corriam perigo de vida. Eles haviam sido sequestrados pelo fungo Bolor Fétidus, um fungo malvado que não aceitava no saber dos humanos, porque ele nunca teve alguém que o ensinou a ler e nem escrever, nasceu em meio ao caos de seu mundo, e resolveu seguir os mesmos passos dos seres sem luz, nunca pensou em buscar sabedoria para crescer e ser alguém melhor.
O fungo Bolor Fétidus sabendo que os pais de Mariana não sabiam dos seus potenciais, os trancou em uma cela do qual só se abria respondendo a um enigma. O mago avisou à menina que ela teria que ser muito esperta e sábia para responder o mesmo. Mariana então disse que tinha muita força de vontade para ir em busca da resposta, mesmo não sabendo muito das coisas e que salvaria seus pais a todo custo.
Mariana e o mago seguiram juntos ainda por um longo caminho, até que se depararam com um lugar totalmente obscuro, com um cheiro insuportável e um ar pesado. Gollom estava na entrada desse lugar e, rindo, de forma irônica, disse: - Achei que não chegariam até aqui! Mas mesmo que aqui estejam, nada poderão fazer. Já estamos tomando conta de tudo, não veem? Se eu fosse você, menina, pouparia sua energia!
A garota gritou, resmungou, esbravejou, até que Gollom, em uma atitude de desdém, disse: - Ok, já que você faz tanta questão... para que não digam que não lhe dei nenhuma chance leia ,se é que sabe ler, o enigma que está naquela parede, se acertar a resposta as portas se abrirão, você poderá falar com Bolor e chegar até os seus pais, mas você terá apenas uma chance.
Mariana e o mago foram até a parede, onde um pequeno enigma questionava: "O que é, o que é? Quanto mais se usa, mais se têm. Quanto mais se têm, mais se usa". Mariana andou em círculos, coçou a cabeça... foi para lá e pra cá. Até que, em um sobressalto, gritou: JÁ SEI! O mago lhe aconselhou que tivesse calma, pois só tinha uma chance. Mariana, então, encheu os pulmões e gritou:
- Aquilo que quanto mais se usa, mais se têm e que quanto mais se têm, mais se usa é a SABEDORIA!!!
O mago ficou espantado e, junto com uma Mariana sorridente, viu as portas de Bolor abrindo vagarosamente.
Os pais de Mariana apareceram abraçados rodeados por uma nuvem muito branca que os libertou da cela e os levou para junto de sua filha querida. Todos abraçaram-se emocionados.
Uma das consequências de decifrar o enigma era a auto-destruição daquele local e a transformação dos que lá habitavam em letras do alfabeto, e assim aconteceu. Tudo começou a ruir e Mariana correu para tentar salvar Bolor Fétidus, mas o mesmo gritou que nunca aceitaria ser vencido por uma menina e neste mesmo momento tudo desabou sobre o vilão, que se desintegrou em várias partes e pouco a pouco se transformou em letras coloridas. Gollon também passou pelo mesmo processo, mas inacreditavelmente, ao mesmo tempo que desmanchava gritava feliz: - Finalmente, finalmente estou livre! Livre para viver para todo o sempre em todos os lugares em que se possa ter algo escrito, algo para ler! – Obrigada pequena menina!
Mariana foi puxada pelo seu amigo mago e os quatro saíram correndo pelo labirinto que se desintegrava rapidamente. Aos poucos os quatro conseguiram fugir daquele local e já reconheciam a estrada que levava para a casa da família de Mariana. As letras os seguiam voando alegres e coloridas. O poder da sabedoria foi tão forte que conseguiu libertar todos os que estavam à sua margem sobrevivendo do sofrimento. Eles agora eram livres para continuar sua função que é o de espalhar a sabedoria pelo mundo afora.