MEMÓRIAS
Em 2007 tive a oportunidade de trabalhar em uma escola na periferia de Esteio, cidade vizinha a minha. Nessa escola, passei por muitos desafios, pois trabalhar longe e em uma comunidade diferente da minha já foi por si só bastante desafiador, mas o mais difícil foi trabalhar com alguns alunos oriundos de uma comunidade indígena que haviam mudado para o bairro.Esses alunos além de pertencer a um outro grupo étnico e social, viviam na mais absoluta pobreza, carentes de tudo, em uma vila próxima da escola, que chamavam "Barreira", porque era puro barro. Nessa vila não havia saneamento básico, asfalto, nenhuma estrutura. muitas famílias da escola moravam nessa vila. Eram crianças muito pobres, que passavam fome e muitas sofriam a usos e violências nas próprias famílias. Os meninos indígenas, eram crianças com muitas dificuldades de adaptação ao ambiente escolar, pois não gostavam de ficar nas salas de aula e fugiam, pelo telhado, porque a sala ficava no segundo andar. Faziam suas necessidades no chão, nos corredores e até mesmo atrás da porta da sala de aula. No momento, não soube muito como lidar com essas situações. tentava incluir os alunos nas atividades mas eles não queriam ficar na sala e muitas vezes chutavam quando os forçávamos a permanecer no ambiente.Fiquei até o final do ano nessa escola. Fizemos muitas FICAIS, pois os alunos eram infrequentes. Como o primeiro ano não reprova, foram promovidos para o segundo ano, um tinha 7 anos e outro mais velho tinha 9 anos, mas era a primeira vez que frequentava escola. Não sei como foi o trabalho com esses alunos nos anos seguintes, se continuaram ou evadiram, mas sinto até hoje uma sensação de fracasso. Não sabemos como lidar com as diferenças. A escola não se adapta aos seus alunos. A escola espera que os alunos se adaptem a ela. E nesse contexto, tratamos a educação como uma propriedade dos chamados brancos., sem compreender que ela é de todos.
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