MITOS, PRECONCEITOS E MECANISMOS DE DEFESA SOBRE A INCLUSÃO
Os professores de escola pública, entre os quais me incluo, têm alguns mitos, que trazemos para o nosso trabalho em sala de aula, sobre
as pessoas com deficiência e que muitas vezes ajudamos a propagar em nosso
trabalho diário e que prejudicam a verdadeira inclusão, no meu entendimento.
São situações que muitas vezes sem perceber, passamos adiante. Quando nos
referimos a um aluno com condição diferente dos demais, seja por alguma
deficiência física ou cognitiva como “coitadinho”, “incapaz” e que não consegue
realizar atividades por causa de sua condição, mesmo que ele tenha plena
capacidade de executar. Outra condição que me chama a atenção é a maneira como
muitos de nós, professores nos referimos muitas vezes aos alunos com síndrme de
down, como coloca a autora, “ a meiguice personificada”, enquanto que nem
sempre é assim. Eu tinha em mente esse estereótipo até que recebi um aluno com
down, cuja personalidade era agressiva e costumava falar muitos palavrões.
Quando eu o recebi, notei que falava com ele, como se ele fosse uma criança
pequena e como ele gostava muito de abraços não percebi que estava se
aproveitando para “namorar” as coleguinhas. Quando comecei a receber
reclamações sobre essa sua atitude de querer beijar as meninas, foi que me dei
conta de sua condição de adolescente, mesmo estando na turma do primeiro ano.
Os colegas tinham em torno de 6 anos e ele tinha 11 anos. Percebi que eu estava
sendo ingênua. E isso é um dos mitos que trazemos conosco. Além disso, trazemos
muitos preconceitos em relação a essas pessoas. Que desenvolvemos muitas vezes
sem perceber e quando passamos pela situação e refletimos sobre ela é que nos
damos conta disso. Um preconceito que considero muito comum em nossa prática é
achar que toda pessoa surda é muda, ou vice- versa. Outro preconceito que é
muito comum é considerar um aluno com paralisia cerebral como incapaz de
aprender e que todos nessa condição tem as mesmas limitações. Há muitas
diferenças entre essas crianças e muitas vezes a rotulamos, unicamente como
deficiência mental, sem procurar refletir e planejar unicamente para aquela
criança específica que está conosco e que através de avaliações diagnósticas
poderemos perceber muitas habilidades.Os mecanismos de defesa que usamos muitas
vezes se refletem na nossa fala, tentando atenuar alguma condição, logo
encontrando para ela uma compensação como por exemplo: “é down, mas é tão
bonitinho, nem parece” ou “ tão gordinha, mas tem um rosto e um sorriso
lindos!”ainda: “ deficiente auditivo, mas tão inteligente!” Quantas vezes,
agimos assim, sem nos darmos conta de que dessa forma, queremos atenuar uma
condição para negá-la? A escola só será inclusiva de fato, quando transpor
essas condições e acolher a todos como educandos, não importando suas
diferenças, mas proporcionando acessibilidade para que todos aprendam, no seu
ritmo e no seu tempo, aquilo que conseguem fazer.
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