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sábado, 2 de dezembro de 2017

SOBRE OS MITOS DA INCLUSÃO



MITOS, PRECONCEITOS E MECANISMOS DE DEFESA SOBRE A INCLUSÃO


Os professores de escola pública, entre os quais me incluo, têm alguns mitos, que trazemos para o nosso trabalho em sala de aula, sobre as pessoas com deficiência e que muitas vezes ajudamos a propagar em nosso trabalho diário e que prejudicam a verdadeira inclusão, no meu entendimento. São situações que muitas vezes sem perceber, passamos adiante. Quando nos referimos a um aluno com condição diferente dos demais, seja por alguma deficiência física ou cognitiva como “coitadinho”, “incapaz” e que não consegue realizar atividades por causa de sua condição, mesmo que ele tenha plena capacidade de executar. Outra condição que me chama a atenção é a maneira como muitos de nós, professores nos referimos muitas vezes aos alunos com síndrme de down, como coloca a autora, “ a meiguice personificada”, enquanto que nem sempre é assim. Eu tinha em mente esse estereótipo até que recebi um aluno com down, cuja personalidade era agressiva e costumava falar muitos palavrões. Quando eu o recebi, notei que falava com ele, como se ele fosse uma criança pequena e como ele gostava muito de abraços não percebi que estava se aproveitando para “namorar” as coleguinhas. Quando comecei a receber reclamações sobre essa sua atitude de querer beijar as meninas, foi que me dei conta de sua condição de adolescente, mesmo estando na turma do primeiro ano. Os colegas tinham em torno de 6 anos e ele tinha 11 anos. Percebi que eu estava sendo ingênua. E isso é um dos mitos que trazemos conosco. Além disso, trazemos muitos preconceitos em relação a essas pessoas. Que desenvolvemos muitas vezes sem perceber e quando passamos pela situação e refletimos sobre ela é que nos damos conta disso. Um preconceito que considero muito comum em nossa prática é achar que toda pessoa surda é muda, ou vice- versa. Outro preconceito que é muito comum é considerar um aluno com paralisia cerebral como incapaz de aprender e que todos nessa condição tem as mesmas limitações. Há muitas diferenças entre essas crianças e muitas vezes a rotulamos, unicamente como deficiência mental, sem procurar refletir e planejar unicamente para aquela criança específica que está conosco e que através de avaliações diagnósticas poderemos perceber muitas habilidades.Os mecanismos de defesa que usamos muitas vezes se refletem na nossa fala, tentando atenuar alguma condição, logo encontrando para ela uma compensação como por exemplo: “é down, mas é tão bonitinho, nem parece” ou “ tão gordinha, mas tem um rosto e um sorriso lindos!”ainda: “ deficiente auditivo, mas tão inteligente!” Quantas vezes, agimos assim, sem nos darmos conta de que dessa forma, queremos atenuar uma condição para negá-la? A escola só será inclusiva de fato, quando transpor essas condições e acolher a todos como educandos, não importando suas diferenças, mas proporcionando acessibilidade para que todos aprendam, no seu ritmo e no seu tempo, aquilo que conseguem fazer.

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