Em
seu texto, a autora discorre sobre o perfil e a aprendizagem dos alunos dos
cursos de EJA à luz das teorias de Piaget, Paulo Freire, Emília Ferreiro e Ana
Teberosky. Ela nos apresenta alguns dos fatores que podem levar a não
aprendizagem e consequente abandono escolar por parte de muitos alunos das
escolas públicas (oriundos das classes populares). São esses alunos que mais
sofrem a exclusão escolar, dadas as condições financeiras, sociais e culturais
desses indivíduos.
Hara
salienta que, para Paulo Freire, o processo de aprendizagem é algo dinâmico e
ativo, ou seja, não é uma coisa estagnada, estanque, é algo que sofre
influência das relações interpessoais, do meio onde o sujeito atua e de suas
percepções sobre esse meio, já que a escrita sofre todas as influências desse
meio e é um produto dele, pois se constrói através da reflexão e da ação do
sujeito em sua aprendizagem e não de uma simples repetição mecânica. Ela também
explica, que autores como Emília Ferreiro e Ana Teberosky, além de Paulo Freire
também colocam o homem como sujeito de sua aprendizagem e detentor de
capacidades criativas que lhe possibilitam construir seu conhecimento, chegando
à escola não como uma “caixa vazia”, onde os professores irão “depositar”
conteúdos, mas sim seres com uma bagagem linguística e cultural. Baseando suas
pesquisas e investigações nas Teorias Piagetianas, Emília Ferreiro e Ana
Teberosky elucidam que a criança aprende em interação com o meio e com o mundo
letrado que tem a sua volta. Elas percebem e interagem com todas as formas de
escrita que lhe são apresentadas, através de símbolos e da Linguagem,
produzindo seu conhecimento. É toda uma apropriação de conceitos que estão
muito longe de ser unicamente um processo de memorização de símbolos. E em se
tratando de adultos que aprendem, muito mais há que se considerar sobre o que
ele “já sabe” e esse deve ser o seu ponto de partida, pois os alunos de EJA
chegam as turmas escolares trazendo todo seu aprendizado de cultura e
linguagem, que não deve ser ignorado na aprendizagem da escrita e muitos deles
trazem hipóteses sobre a utilização dos caracteres linguísticos. Eles já tem
suas hipóteses sobre o ato de ler e o que pode ser passível de leitura, além da
percepção de que a escrita representa o que se fala, utilizando- se as letras
para isso.
A autora relata sobre o empenho dos alunos
em procurar elaborar suas escritas e expressar seus pensamentos. Eles já
estavam compreendendo que através desse processo iriam conquistando aos poucos
sua autonomia e progresso como leitores, como produtores de histórias e
principalmente como autores da própria história, se auto- avaliando, buscando
se aperfeiçoar e superar suas limitações e que para isso contavam com
professores parceiros, que compreendiam seus processos ajudando- os nessa trajetória.
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